terça-feira, 3 de julho de 2007

Parto madrugada adentro

Ah, o silêncio...

Há o silêncio
Quase tão profundo e vivo
Quanto a incerteza que nós humanos
Carregamos escondida
Sob o manto quente da esperança
Mas não há esperança
Há somente o espanto, calado,
E o medo, travestido, sufocado
Varridos pra debaixo do tapete
Jogados nalgum canto da sala
Sobre a pia, no sobejo do jantar
Pra não mexerem na ordem
E assim, o mundo continuar

Tic Tac
Tic Tac
Suspira o relógio
Quebrando o silêncio
O silêncio que há, que parece paz
Mas que desfaz-me inteiro
Que não me traz o sono
Seja no claro
Ou no escuro
Pois o meu quarto é agora
A extensão de lá fora
Aonde mora o espanto
Meu quarto é o retrato fiel
Do outro mundo real
Que não se vê na TV
E nem se lê no jornal

É o mundo podre que jaz
Pelas varandas, pelos quintais
Das casas caiadas
Com falsas e urgentes fachadas
Que há, ocultas, em nós!

Um comentário:

Anônimo disse...

Profundo, melancólico, real!
Eu venho acompanhando a impressionante evolução de suas escritas. Mas, quem sou eu pra julgar sua bela escrita!?
Só posso dizer que a cada dia sua poesia me encanta mais, me fascina mais e me dá a certeza de que estou frente a um dos grandiosos talentos da atualidade. Parabéns e continue escrevendo e fazendo td que vc sabe fazer com tanta propriedade e com um jeito especial e irreverente que só vc sabe fazer. Serei sua fã sempre, independente de qq coisa.